Acende a Luz and Let it Be.

Gente, quero pedir licença a todos os leitores de Recife e todos os lugares do Brasil (também os espalhados pelo mundo!) do Pó de Lua pra fugir um pouco, só por hoje, do perfil do blog para um texto diferente.

Todo mundo sabe que esse fim de semana no Recife foi bem movimentado. Aconteceram vários shows importantes pra todo tipo de gosto. Eu, como fã dos Beatles que sou desde pequenininha – culpa de uma mãe politicamente engajada e, graças a Deus, de ótimo gosto musical, o que me salvou – preciso dizer alguns sentimentos que a vinda do Sir. Paul McCartney me trouxe junto com seu show espetacular, emocionante e inesquecível.

Um deles foi a vontade de fazer uma reivindicação.
Quero fazer um apelo às autoridades, formadores de opinião do país e da minha querida cidade do Recife por uma coisa tão essencial quanto as outras emergências que gritam pelas ruas e pessoas por aí. Venho através desta pedir Luz.

Sim Luz. No sentido mais amplo da palavra. O primeiro é a Luz da inteligência para iluminar cabeças cheias da lama do preconceito e, talvez, algumas flores pra colocar nas mesmas bocas pertencentes às mesmas cabeças aqui citadas pra perfumar um pouquinho o que sai dali de dentro.
Sem mais. Essa Luz é importante. Quem puder providenciar favor entrar em contato.

O segundo sentido da luz é mais fácil, é elétrica mesmo. Voltar andando à noite pelas ruas da minha cidade nos arredores do Arruda foi uma experiência, no mínimo, estranha, do alto da minha classe média. Era estranho ver aquelas ruas ocupadas, cheias de gente e poder andar sem medo, mas, ainda assim, no escuro. Paul trouxe um brilho lindo pra Recife, isso é fato, mas foi um brilho passageiro – infelizmente ele não quis morar aqui com a gente, uma pena – que iluminou as ruas de vida.

Ocupação, entendem? E aí a gente usa a cidade. E aí ela é nossa. Anda, pega ônibus à noite, fica esperando uma carona sentada no meio fio da Avenida Norte de madrugada rindo satisfeita sem olhar para os lados apavorada, porque as ruas estão cheias de gente. Mas ninguém quer andar no escuro. Um breu, uma escuridão amarelada que ainda assim, deixa um clima de abandono, de filme de terror. De perigo mesmo.

Mais luz, gente. Mais luz nas ruas. Mais avenidas claras, menos dificuldade, mais claridade. A gente merece.
Claro que isso não resolve as causas da violência, da fome, das injustiças, não resolve, eu sei. E isso é, obviamente, a maior urgência. Só acho que uma coisa não impede a outra, pelo contrário.
A gente ilumina o caminho pra andar melhor na estrada.

Por fim quero reivindicar pela luz dos corações. Olhar em volta e ver mais de 50 mil pessoas acendendo pequenas luzes do celular me fez, por um segundo, ao som de uma frase que dizia “And in my hour of darkness(…)Let it be” pensar que o céu estava no chão. Um sentimento bom de esperança.

Fazendo o trocadilho infame, Deixe, star. Se deixe brilhar, rapaz. Star porque por um segundo, com tantas luzinhas, dava pra confundir aquele mar de gente-vaga-lume com o céu. Parecia (com o exagero que permite a poesia) que a gente pode ser um espelho do céu estrelado, desafiar a energia elétrica e a lama do preconceito e brincar de ser luz própria. Colocar num canto alto e espantar o escuro.

Fica aqui a minha reivindicação.
Resumida, porque teria algumas milhares de outras. Mas já que tive que escolher, eu peço por mais Luz, luz e claridade.

Pra que a gente acende a luz e deixe Star.

😉

Clarice.

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