Findarnaval.

– Ei, mascarado!

A máscara vira o rosto.

– Sim, você.

A máscara coloca o indicador no peito, inclina a cabeça para frente, incrédula.

– Sim, claro que é você.

A máscara caminha até o Chapelão. Chuta serpentinas e confetes que já jaziam de ressaca no chão, no fim da noite.

– Te vi ano passado, passando pela Rua da Aurora, nessa hora, andando sem demora. Não te alcanço por um triz.

A máscara nada diz.

– Toda quarta-feira você é cinza assim?

A máscara faz que sim.

O Chapelão sente por aquela figura misteriosa e melancólica, estranho interesse.

– Por quê?

A máscara dá de ombros e se vai, chutando latinhas no chão.

O som do alumínio na pedra ecoa nas ruas velhas, na cidade antiga, na Linda paisagem para se construir uma cidade. O Chapelão se espanta em como a máscara é bela e se sente um tanto cinza também agora…para onde vão todas essas cores depois da festa?

Do mascarado, só o mistério resta.

E, na ponte, uma fresta,

Que dá para o Rio Papibaquígrafo.

Ah, quarta-feira ingrata…chega tão depressa!

Deixa a pressa,

Para o próximo Carnaval.

Quem sabe ele olha por trás da máscara e encontra olhos com vida, de cores infinitas, que não findam finitas na quarta-feira.

Depois da festa, da fresta, da pressa,

Continua, o Mistério, sendo,

O que sempre foi:

O que interessa.

Clarice Freire.

Foto: Veneza.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *